De nação de navegadores a potência emergente no “New Space”, Portugal prepara-se para lançar mais de 30 satélites até ao final da década. O objetivo? Monitorizar a Terra e proteger o Atlântico a partir do espaço.

Por Redacção Gem-Digi

Há cinco séculos, o destino de Portugal traçava-se nas cartas de marear e na audácia de enfrentar o “Mar Oceano”. Hoje, a fronteira expandiu-se verticalmente.

Longe dos holofotes mediáticos que habitualmente iluminam o futebol ou a política, uma revolução silenciosa e tecnológica está em curso: Portugal está a transformar-se numa referência europeia no setor aeroespacial.

Desde a criação da Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space) em 2019, o país assumiu um compromisso estratégico que transcende a mera participação científica.

A ambição é industrial e soberana: colocar em órbita mais de 30 satélites até 2030, posicionando Portugal no “Top 20” das nações com infraestrutura espacial ativa.

Esta nova “Odisseia” não é feita de caravelas, mas de constelações de nanossatélites, financiadas em grande parte pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), focadas numa missão que honra o passado histórico do país: ser o guardião do oceano.

As Três Constelações Nacionais

Para concretizar esta visão, o ecossistema espacial português — composto por centros de investigação e empresas privadas — está a desenvolver três grandes constelações de satélites: a Atlântica, a ATON e a AEROS.

Cada uma possui valências específicas, mas todas partilham um denominador comum: a observação da Terra e a gestão de dados críticos.

1. Constelação Atlântica: O Novo “Tratado” Ibérico

A joia da coroa deste programa é a Constelação Atlântica. Desenvolvida em estreita parceria com Espanha, esta rede funcionará como uma infraestrutura de monitorização ambiental sem precedentes.

Composta por 16 satélites, conta com a participação decisiva das empresas portuguesas GEOSAT e CEiiA.

A missão é clara: vigiar a Península Ibérica e o Oceano Atlântico com uma frequência de revisita muito alta (capacidade de passar pelo mesmo local várias vezes ao dia).

  • Foco Prático: Deteção precoce de incêndios rurais, monitorização da saúde das florestas e medição da temperatura da superfície oceânica, dados vitais para combater as alterações climáticas.

2. ATON: A Via Verde do Mar

Liderada pela LusoSpace, a constelação ATON foca-se na “Internet das Coisas” (IoT) aplicada ao mar. Com um plano para 12 satélites, esta rede visa resolver um problema antigo: a cegueira de dados no meio do oceano.

A ATON, que já viu desenvolvimentos recentes com o lançamento do PoSAT-2, servirá para monitorizar o tráfego marítimo, aumentar a segurança da navegação e garantir comunicações rápidas em alto mar.

É, na prática, uma ferramenta de soberania sobre a vasta Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa.

3. AEROS: A Ciência dos Oceanos

Por fim, a constelação AEROS representa o braço científico mais profundo. Liderada por um consórcio que une o CEiiA e a Thales Edisoft Portugal, esta missão foca-se na biodiversidade e na complexa interação entre o oceano e a atmosfera.

O primeiro grande marco desta constelação foi atingido recentemente com o lançamento do satélite MH-1.

Atualização: O Marco Histórico do MH-1

Para contextualizar o sucesso desta estratégia, é imperativo destacar o dia 5 de março de 2024. Foi nesta data que o MH-1 (homenagem a Manuel Heitor, antigo Ministro da Ciência), o segundo satélite totalmente português da história — três décadas após o PoSAT-1 —, foi lançado a partir da base de Vandenberg, na Califórnia, a bordo de um foguetão Falcon 9 da SpaceX.

O MH-1, um nanossatélite de 4,5kg desenvolvido pelo CEiiA em Matosinhos, já se encontra em órbita, a processar dados sobre os oceanos, concretizando a promessa da constelação AEROS. Este feito prova que a capacidade de engenharia nacional já saiu do papel e está operacional no vácuo do espaço.

Um Futuro Escrito nas Estrelas

O setor do “New Space” em Portugal deixou de ser uma promessa futurista para se tornar uma realidade económica. Ao focar-se na monitorização do Atlântico, Portugal não só protege os seus interesses geopolíticos e ambientais, como exporta tecnologia de ponta.

Como sugere o entusiasmo dos especialistas do setor, Portugal encontrou no Espaço uma nova forma de amar e proteger o Mar. A “Bravura” cantada no hino nacional aplica-se agora à exploração do cosmos, onde satélites Made in Portugal orbitam silenciosamente, vigiando a nossa casa.

EntidadePapel PrincipalProjetos Chave
Portugal SpaceAgência Espacial PortuguesaEstratégia Portugal Space 2030
CEiiACentro de Engenharia (Matosinhos)Desenvolvimento do MH-1, Constelação Atlântica
LusoSpaceEmpresa de Engenharia AeroespacialLiderança da Constelação ATON
Thales EdisoftDefesa e AeroespacialSistemas de software, Constelação AEROS
GEOSATOperador de SatélitesObservação da Terra, Constelação Atlântica

Um minutinho da tua atenção, que precisas de saber isto! Portugal dá muito Espaço e não é descabido dizer que aos poucos se está a tornar numa potência europeia no aeroespacial!
E é bom que as pessoas saibam disto, porque não somos só bola e tipicamente nas notícias não ligam bola a isto!
Portugal vai lançar mais de 30 satélites para o espaço até ao final da década, ficando bastante bem posicionado, no Top 20 a nível se tivéssemos em conta dados atuais – embora estes números mudem sempre muito rapidamente.
Para compreenderes melhor esta odisseia portuguesa no espaço, Portugal planeia criar 3 constelações de satélites: a Constelação Atlântica, a ATON e a AEROS.
Mas para que servem? Basicamente para olhar pela Terra e por nós!
A Constelação Atlântica é uma espécie de Tratado de Tordesilhas do Espaço, em parceria com Espanha, e será composta por 16 satélites – com a participação das portuguesas GEOSAT e Ceiia. Missão? A monitorização ambiental da Península Ibérica e do Oceano Atlântico, observando florestas, bosques e zonas costeiras – com desataque para a deteção precoce de incêndios e observação da temperatura do oceano.
A ATON, liderada pela Lusospace, que teve há umas semanas o primeiro lançamento, com o PoSAT-2, terá 12 satélites e vai olhar pelo tráfego marítimo e comunicações oceânicas, sendo focada na segurança e eficiência de navegações marítimas, garantindo comunicações rápidas e proteção ambiental dos oceanos.
Já a AEROS, que viu o primeiro satélite, o MH-1, a ser lançado em 24, é liderada pelo CEiiA e a Thales Edisoft Portugal e tem como foco a monitorização profunda dos oceanos, da biodiversidade e estudo da interação oceano-atmosfera.
Isto sim devia fazer-nos levantar e cantar o hino! Desde a criação da Agência Espacial Portuguesa em 2019 que Portugal se tem lançado com bravura para o oceano cósmico – e há muito por descobrir!
Eu pelo menos fico maravilhado como Portugal, por virtude do destino, se esteja a posicionar no Espaço como um verdadeiro guardião de algo que lhe diz tanto: o oceano.
Já sabes: faz como Portugal… e continua a dar Espaço 🚀

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