A emblemática Serra do Caldeirão está no centro de um ambicioso projeto de investigação que visa proteger o sobreiro, a árvore nacional e espécie crucial do ecossistema algarvio, face às crescentes ameaças colocadas pelas alterações climáticas.

A iniciativa, liderada pela Universidade do Algarve (UAlg) e fortemente apoiada pelo Município de São Brás de Alportel, assume-se como intermunicipal e representa a continuidade de décadas de investigação científica na região.

O sobreiro (Quercus suber) tem vindo a enfrentar problemas graves, incluindo a «morte do sobreiro», um fenómeno acelerado pelas condições climáticas extremas. Compreender a dimensão deste problema e assegurar a preservação da espécie é o objetivo central do projeto «Adaptação dos sobreiros face às alterações climáticas e como as mesmas promovem a sustentabilidade do ecossistema».

Com uma dotação orçamental superior a 500 mil euros e execução prevista entre 2026 e 2029, o estudo pretende aprofundar o conhecimento sobre o estado atual do sobreiro e identificar quais as plantas mais resilientes que poderão auxiliar na sua defesa e na adaptação do ecossistema.

A Câmara Municipal de São Brás de Alportel desempenhou um papel determinante, incentivando o lançamento da iniciativa e aprovando uma declaração de apoio à candidatura da UAlg, enquadrada no programa Algarve 2023 – FEDER – Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico. Este apoio municipal traduz-se na colaboração em diversas atividades práticas.

Uma das medidas mais relevantes será a possível instalação de um campo experimental na serra, vital para o desenvolvimento de soluções aplicadas ao terreno. Esta infraestrutura terá uma importância crucial para um setor que é considerado de charneira para o concelho, nomeadamente a fileira da cortiça e florestal.

Além da pesquisa científica e da instalação do campo experimental, o projeto prevê um vasto leque de ações de formação, sensibilização da comunidade e uma conferência final. Dada a relevância regional do sobreiro, a iniciativa será articulada com outros municípios vizinhos, como Tavira, Loulé e Monchique, reforçando o seu carácter intermunicipal e a cooperação estratégica em prol da sustentabilidade da Serra do Caldeirão.